A pressão alta continua sendo um dos principais desafios de saúde pública no Brasil e no mundo, e as recentes novas diretrizes de pressão arterial trouxeram mudanças importantes na forma como interpretamos os números do dia a dia.
Entre elas está o novo entendimento de pressão limítrofe, termo usado para descrever aqueles valores que antes eram vistos como “normais”, mas agora exigem mais atenção. Esse assunto ganhou destaque nos últimos meses e reacendeu a discussão sobre prevenção e diagnóstico correto da hipertensão.
Por isso, neste texto, reunimos informações importantes sobre o que muda nos critérios de classificação, o que é considerado pressão limítrofe, como deve ser feito o diagnóstico e quais estratégias realmente ajudam a manter a pressão sob controle! Siga a leitura conosco!
Por que as diretrizes de pressão arterial precisaram ser revisadas?
A atualização das diretrizes de pressão arterial surge em um cenário em que milhões de pessoas convivem com alterações nos níveis de pressão sem perceber. Para quem nunca teve um problema de saúde significativo, essas mudanças podem soar confusas, mas entender o que elas representam é fundamental para garantir um acompanhamento adequado.
Segundo dados divulgados pela OMS, a hipertensão afeta 1 em cada 4 brasileiros, e no mundo o número de pessoas com pressão alta praticamente dobrou nas últimas décadas. Apesar disso, muita gente só descobre o problema após algum episódio grave, já que a pressão elevada quase nunca apresenta sintomas.
Com o avanço dos estudos, médicos perceberam que as complicações cardiovasculares não apareciam apenas em pessoas com pressão muito alta, mas também em quem estava na faixa intermediária.
Esse foi um dos motivos que levaram cardiologistas europeus a reavaliar os critérios de normalidade. Dessa forma, os especialistas concluíram que valores pouco acima de 120/80 mmHg já representam mais risco do que se imaginava antes, e que alertar esses pacientes cedo pode prevenir muitos casos de AVC, infarto e insuficiência renal ao longo da vida.
O que muda nos números da pressão arterial?
A mudança que mais chamou atenção é a reclassificação da pressão considerada “boa”. Até pouco tempo, ouvir que sua pressão estava “12 por 8” significava que tudo estava perfeito. Agora, esse número entra em um novo grupo:
- Pressão normal: abaixo de 120/80 mmHg
- Pressão limítrofe: entre 120/80 e 139/89 mmHg
- Hipertensão: igual ou acima de 140/90 mmHg
É importante reforçar: ter pressão limítrofe não significa que a pessoa é hipertensa. Isso não muda. O que muda é a atenção que esse grupo deve receber, já que há maior risco de desenvolver hipertensão no futuro.
Em entrevista ao portal Drauzio Varella, o cardiologista Marcelo Martins explica que a nova classificação ajuda justamente a identificar quem precisa fazer ajustes na rotina para evitar problemas mais sérios.
Em resumo: os números continuam os mesmos, mas a interpretação ficou mais rigorosa para aumentar a prevenção.
E o tratamento, muda também?
Para quem já tem diagnóstico de hipertensão, sim. Antes, alguns pacientes podiam aguardar até três meses fazendo apenas mudanças no estilo de vida para tentar regular a pressão. Agora o início do tratamento medicamentoso deve ser mais rápido, a menos que a pessoa seja de baixo risco ou tenha idade muito avançada, acima dos 80 anos.
Já quem tem pressão limítrofe geralmente não precisa de remédios. Nesse caso, o foco é modificar hábitos, reduzir fatores de risco e acompanhar a pressão com mais frequência.
No entanto, se a pessoa com pressão limítrofe já tiver histórico de doenças cardíacas, diabetes ou obesidade, os médicos podem sugerir uma abordagem mais cedo.

Como deve ser feito o diagnóstico?
Fechar o diagnóstico de hipertensão não deve se basear em uma única medida, já que a pressão varia ao longo do dia e pode subir por estresse, esforço, dor ou até pela presença do médico.
Por isso, a avaliação inclui métodos como a Medição Residencial da Pressão Arterial (MRPA), em que o paciente mede a pressão em casa em diferentes horários, e a Monitorização Ambulatorial (MAPA), que registra os valores por 24 a 48 horas, inclusive durante o sono.
Esses procedimentos ajudam a identificar casos como a “hipertensão do avental branco” (quando a pressão sobe só no consultório) e a “hipertensão mascarada” (quando ela parece normal na consulta, mas está elevada no dia a dia).
Além disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda fazer mais de uma medição por consulta e repetir o processo em momentos distintos para garantir resultados mais precisos.
Mudanças no estilo de vida: o que realmente funciona
Mesmo com as novas diretrizes, algumas recomendações continuam valendo para todos. São medidas simples, mas com grande impacto na saúde como um todo, tais como:
1) Praticar exercícios físicos
A prática deve ser regular, de preferência cinco vezes por semana, em intensidade moderada. A combinação ideal inclui:
- Atividades aeróbicas (corrida, caminhada, bicicleta, natação);
- Treinos de resistência (musculação, exercícios com elásticos, flexões, agachamentos).
2) Reduzir o consumo de sal
O recomendado é manter o consumo diário de sal em até 5 gramas, o equivalente a uma colher de café. Afinal, o excesso de sódio é um dos principais responsáveis pela pressão alta.

3) Consumir alimentos que auxiliam no controle da hipertensão
Dê preferência a alimentos ricos em potássio, magnésio e fibras. O potássio ajuda a equilibrar o excesso de sódio e favorece o relaxamento dos vasos sanguíneos. Assim, priorize alimentos como:
- Banana, abacate, laranja;
- Vegetais verde-escuros;
- Feijão, lentilha;
- Aveia, quinoa;
- Nozes e castanhas;
- Peixes como sardinha e salmão.
4) Controlar o peso corporal
Uma pequena perda de peso já pode reduzir significativamente a pressão.
5) Evitar álcool, cigarro e noites mal dormidas
Esses fatores aumentam a pressão e sobrecarregam o sistema cardiovascular.
A hipertensão é silenciosa (e perigosa)
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, a pressão alta geralmente não causa sintomas. Portanto, não sentir dor não significa estar saudável. Muitas pessoas convivem com níveis elevados por anos sem perceber, o que aumenta o risco de:
- AVC;
- Infarto;
- Insuficiência cardíaca;
- Problemas renais;
- Complicações oculares;
- Disfunção erétil.
Por isso, medir a pressão com frequência e observar mudanças no corpo são atitudes essenciais para evitar complicações.
O que fica claro depois das novas diretrizes de pressão arterial
As novas diretrizes mostram que, quando o assunto é pressão arterial, os detalhes importam. A pressão limítrofe, antes vista como normal, agora merece mais atenção.
Isso não significa que as pessoas devam entrar em tratamento medicamentoso, mas sim que precisam adotar hábitos melhores e acompanhar seus números de perto.
E você? Como tem cuidado da sua pressão? Compartilhe sua experiência nos comentários e vamos conversar sobre saúde!
* Com informações de Folha de S. Paulo e portal Drauzio Varella.
** Confira também aqui no blog o post 9 coisas que você precisa saber sobre Hipertensão Arterial.