Vamos falar sobre alcoolismo? Conheça os sinais de alerta sobre o uso abusivo do álcool

As bebidas alcoólicas estão presentes na vida de muitas pessoas. Seja em festas, churrascos ou até em casa para “relaxar” após um dia puxado. Por serem tão comuns e socialmente aceitas, muita gente nem percebe quando o consumo passa a ser um sinal de uso abusivo do álcool.

O fato é que o consumo de álcool no Brasil se mantém em altos patamares desde que começou a ser monitorado. Dados do Observatório da Saúde Pública mostram que, de 2006 a 2023, o percentual de adultos nas capitais brasileiras que ingerem bebida alcoólica em pelo menos um dia da semana se manteve continuamente acima de 25%.

Diante desse cenário, é importante entender melhor os riscos que o consumo frequente pode trazer. Neste texto, vamos falar sobre o alcoolismo, identificar os principais sinais de alerta do uso abusivo do álcool e mostrar quando é hora de buscar ajuda. Afinal, reconhecer o problema é o primeiro passo para cuidar da saúde e retomar o bem-estar.

O que é alcoolismo

O alcoolismo é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela se caracteriza pela dependência do álcool, ou seja, quando a pessoa sente uma vontade incontrolável de beber, tem dificuldade para parar e precisa de doses cada vez maiores para sentir os mesmos efeitos.

Ao contrário do que muitos pensam, o problema não está só na quantidade de álcool consumida, mas principalmente na falta de controle. É aquela situação em que a pessoa promete que vai beber só um pouquinho, mas acaba exagerando sempre. Ou quando percebe que precisa beber todos os dias para se sentir bem.

Além da predisposição genética (ou seja, quando há casos na família), o alcoolismo também pode ser influenciado por fatores como ansiedade, estresse, insegurança, cultura local, facilidade de acesso à bebida e início precoce do consumo, principalmente na adolescência.

No Brasil cerca de 10% da população sofre com o alcoolismo, sendo 70% homens e 30% mulheres, apontam os dados compartilhados pelo Hospital Albert Einstein.

Sinais de uso abusivo do álcool

Nem sempre é fácil perceber quando o uso de álcool virou um problema. Muitas vezes, quem está vivendo isso demora a perceber ou nega a situação. Por isso, é importante prestar atenção aos seguintes sinais de alerta de uso abusivo do álcool:

  • Beber mais do que o planejado, ou com mais frequência do que o normal;
  • Desejo incontrolável de beber, mesmo quando a pessoa sabe que vai se prejudicar;
  • Aumento da tolerância, ou seja, precisa beber mais para sentir o mesmo efeito;
  • Negligência com responsabilidades, como faltar ao trabalho, negligenciar a família ou compromissos importantes;
  • Problemas de saúde relacionados ao álcool (dores, enjoos, problemas no fígado, pressão alta, etc.);
  • Conflitos com amigos, familiares ou colegas de trabalho por causa da bebida;
  • Isolamento social, deixando de fazer outras atividades para poder beber;
  • Dificuldade de parar, mesmo após várias tentativas;
  • Sintomas de abstinência, como tremores, ansiedade, sudorese e irritabilidade quando não bebe;
  • Uso do álcool como forma de se sentir bem ou aliviar os sintomas de abstinência.

Como explica o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), em entrevista ao site Drauzio Varella, o desejo intenso de beber, conhecido como “fissura”, é um dos sinais mais claros de que a pessoa está desenvolvendo uma dependência.

Impactos do consumo de bebidas alcoólicas no corpo

O consumo de bebidas alcoólicas, mesmo em pequenas doses, representa a ingestão de uma substância tóxica que afeta todo o corpo. 

O tipo de álcool presente nas bebidas é o etanol, que, após ser ingerido, vai para a corrente sanguínea e atinge o cérebro. Ele afeta o funcionamento do sistema nervoso, o que explica a sensação inicial de relaxamento, mas também a perda de coordenação e o comportamento impulsivo.

Com o tempo, o consumo constante pode causar problemas sérios em vários órgãos:

  • Fígado: hepatite alcoólica, acúmulo de gordura e cirrose;
  • Estômago: gastrite e úlceras;
  • Pâncreas: pancreatite;
  • Sistema nervoso: danos aos nervos, perda de sensibilidade e força muscular;
  • Coração e circulação: miocardite, hipertensão, derrames e acúmulo de gordura nos vasos (aterosclerose);
  • Trato digestivo e urinário: aumento do risco de câncer no intestino, bexiga e próstata.

Além dos problemas físicos, o álcool também afeta a saúde mental, podendo causar ou agravar quadros de depressão, ansiedade, insônia e outros transtornos psiquiátricos.

Fatores que aumentam o risco de alcoolismo

Nem todo mundo que bebe desenvolve dependência. No entanto, alguns fatores aumentam esse risco:

  • Ter histórico familiar de alcoolismo;
  • Começar a beber muito jovem;
  • Crescer em ambientes onde o álcool é comum e incentivado;
  • Passar por traumas, como violência, abuso ou abandono;
  • Sofrer de transtornos mentais, como ansiedade, depressão ou bipolaridade;
  • Estar em grupos sociais com forte pressão para beber.

Entender esses fatores pode ajudar a prevenir o problema ou a reconhecer precocemente os sinais de alerta.

Como é feito o diagnóstico?

Não existe um exame específico para identificar o alcoolismo. O diagnóstico é feito com base na conversa com o paciente, na observação dos sintomas e no histórico de consumo. Os profissionais de saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, são os mais indicados para essa avaliação.

Reconhecer o problema é o primeiro e mais importante passo para começar a mudança.

Quais os tratamentos disponíveis para enfrentar alcoolismo

O alcoolismo não tem uma “cura” no sentido tradicional, mas é possível controlar a doença e viver bem sem álcool. O tratamento costuma envolver:

  • Desintoxicação: retirada do álcool com acompanhamento médico, especialmente em casos mais graves;
  • Medicamentos: usados para reduzir o desejo de beber ou tratar sintomas de abstinência;
  • Terapia individual ou em grupo: ajuda a entender o que leva ao consumo e a encontrar novas formas de lidar com emoções e situações difíceis;
  • Grupos de apoio, como os Alcoólicos Anônimos (AA), onde a troca de experiências fortalece a recuperação.

O apoio da família também é fundamental, pois o alcoolismo afeta todos que convivem com a pessoa dependente.

reunião terapêutica de pessoas debatendo o alcoolismo

O álcool é um problema disfarçado de diversão

É comum associar o álcool a momentos de descontração, comemoração e relaxamento. Mas quando essa “diversão” começa a virar necessidade, hábito ou vício, é preciso ligar o alerta.

A OMS já deixou claro: não existe um nível seguro de consumo de álcool. Mesmo em pequenas quantidades, ele pode causar danos ao corpo. E se o consumo se tornar abusivo, os impactos podem ser sérios, duradouros e até fatais.

O impacto na vida social e familiar

O alcoolismo não afeta apenas quem bebe. Os efeitos se espalham para a família, os amigos, os colegas de trabalho. Afinal, é comum que a pessoa dependente do álcool se torne irritada, se isole ou tenha mudanças bruscas de comportamento.

O uso abusivo de álcool também está por trás de muitos acidentes de trânsito, episódios de violência doméstica, brigas e perdas de emprego. Ou seja, o álcool compromete não apenas a saúde, mas também a vida social, financeira e emocional.

Quando procurar ajuda em relação ao alcoolismo?

Um bom caminho para saber quando procurar ajuda pode ser refletir sobre algumas questões. Assim, responda com sinceridade:

  • Você já sentiu que deveria diminuir a bebida?
  • Já ficou irritado quando alguém comentou sobre seu hábito de beber?
  • Já se sentiu culpado por causa da bebida?
  • Já bebeu logo cedo para “aliviar os nervos” ou curar a ressaca?

Portanto, se você respondeu “sim” a pelo menos uma dessas perguntas, é hora de olhar com mais atenção para o seu consumo e considerar conversar com um profissional da saúde.

Portanto, se você ou alguém próximo está passando por situações como essas, não adie: buscar ajuda é fundamental. Médicos, psicólogos e grupos de apoio estão prontos para acolher, bem como escutar e orientar da melhor forma.

Mais do que um sinal de fraqueza, pedir ajuda é um gesto de coragem, e igualmente o primeiro passo para uma vida mais leve, equilibrada e saudável.

Você já parou para refletir como anda a sua relação com o consumo de álcool? Tem alguma experiência para compartilhar conosco? Conta pra gente nos comentários!


* Com informações do portal Drauzio Varella, Hospital Albert Einstein e Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.

** Confira também aqui no blog o post Consumo de bebidas alcoólicas: existe um nível considerado saudável?

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