A correria, as pressões no trabalho e as incertezas da vida contemporânea fazem muita gente buscar refúgio em pequenos “escapes” do dia a dia, e um dos mais curiosos é o uso da chupeta antiestresse. Esse acessório, que virou moda nas redes sociais, tem sido usado por adultos como uma forma inusitada de aliviar a tensão e tentar encontrar um pouco de calma em meio à rotina acelerada.
Seja fazendo compras online sem necessidade, passando horas nas redes sociais ou experimentando novas tendências como a chupeta antiestresse, é natural procurar formas de se acalmar quando o estresse parece dominar. O problema é que, muitas vezes, esses hábitos trazem alívio apenas momentâneo e não resolvem as causas reais da ansiedade.
O fato é que a chupeta antiestresse vem chamando atenção em vários países e despertando debates sobre os limites entre o conforto emocional e a dependência psicológica. Neste conteúdo, vamos entender o que está por trás dessa tendência, seus riscos e quais alternativas saudáveis realmente ajudam a lidar com a ansiedade e o estresse do cotidiano.
A origem do fenômeno da chupeta antiestresse
A ideia parece inusitada, mas vem ganhando força nas redes sociais. Vídeos mostrando adultos usando chupetas para “acalmar a mente” acumulam milhões de visualizações, especialmente em países asiáticos. Segundo relatos coletados pelo jornal O Globo, muitas pessoas dizem que o hábito traz conforto emocional, remetendo à sensação de segurança da infância.
Outros afirmam que a chupeta ajuda a lidar com momentos de pressão no trabalho, a reduzir o bruxismo (ranger dos dentes) e até a dormir melhor. Há também quem diga que o uso serve como substituto para o cigarro, evitando recaídas durante o processo de parar de fumar.
No entanto, essa busca por conforto esconde um ponto importante: usar uma chupeta para aliviar a ansiedade não trata a causa do problema, apenas mascara os sintomas. É como colocar um curativo sobre algo que precisa de cuidado mais profundo.
Um refúgio simbólico (e arriscado)
Segundo a professora de Odontopediatria da USP, Mariana Minatel, em entrevista ao G1, o uso da chupeta por adultos “é um mal adotado para resolver outro mal”. Ela compara o hábito a fumar para aliviar a ansiedade, no sentido de ser uma solução temporária que, no longo prazo, traz prejuízos físicos e emocionais.
No caso da chupeta antiestresse, os riscos vão além da dependência psicológica. O uso frequente pode causar problemas bucais, como retrações gengivais, mobilidade nos dentes e até mordida aberta. Em situações mais graves, pode levar à perda dentária.
Vale lembrar também que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o movimento de sucção não atua sobre a origem de condições como o bruxismo, que está ligado ao sistema nervoso central. Em outras palavras, sugar uma chupeta pode até trazer uma sensação momentânea de alívio, mas não resolve a tensão emocional que gera o problema.
Por que buscamos escapismos?
Antes de julgar quem usa uma chupeta para aliviar o estresse, vale entender o que leva alguém a recorrer a esse tipo de comportamento que pode ser classificado como escapismo.
Explicando de uma forma simples, podemos dizer que os escapismos são formas de fuga da realidade. Esses comportamentos aparecem quando a mente procura aliviar a sobrecarga emocional causada por ansiedade, medo ou frustração.
Alguns exemplos comuns de escapismos incluem:
- Comer em excesso ou beliscar o tempo todo;
- Passar horas nas redes sociais;
- Fazer compras impulsivas;
- Beber para relaxar;
- Maratonar séries por longos períodos sem descanso.
Esses hábitos oferecem uma satisfação imediata, mas não ajudam a lidar com as causas reais do desconforto. Com o tempo, a pessoa pode se tornar dependente desses comportamentos, dificultando o autoconhecimento e o equilíbrio emocional.

O papel da infância nesse comportamento
A chupeta antiestresse chama atenção justamente por resgatar um símbolo da infância: o ato de sugar algo para se acalmar. Esse gesto está ligado a uma fase em que o bebê associa conforto, segurança e acolhimento ao contato físico com os pais.
Quando adultos recorrem a esse mesmo gesto, estão, de certa forma, tentando recriar essa sensação de proteção em meio ao caos da vida moderna. É como um retorno inconsciente a um tempo em que tudo parecia mais simples e controlável.
No entanto, o problema é quando esse comportamento se torna uma “muleta emocional”. Em vez de enfrentar as causas da ansiedade, como pressões do trabalho, relacionamentos desgastados ou problemas financeiros, a pessoa passa a depender de um objeto para se acalmar.
Escapismos modernos: quando o alívio vira dependência
Como vimos, a chupeta antiestresse é apenas um dos muitos exemplos de como buscamos refúgios em tempos de exaustão mental. A diferença é que, hoje, essas práticas ganham força rapidamente graças à internet e aos vídeos virais.
Segundo o psicólogo clínico Lucas Andrade, consultado pela reportagem do G1, o problema não está em buscar conforto, mas em transformar isso na única forma de lidar com o estresse. “O escapismo é natural, mas quando vira o único meio de enfrentamento, ele deixa de ser proteção e passa a ser prisão”, afirma.
Em outras palavras, o perigo não está em aliviar a ansiedade de vez em quando, mas em não desenvolver outras estratégias emocionais para lidar com ela.
Caminhos saudáveis para aliviar a ansiedade
Nem todo escapismo é ruim. Há formas saudáveis de aliviar o estresse sem colocar a saúde em risco. Afinal, tomar um café com um amigo, ouvir música, pintar, escrever ou cuidar de plantas são atividades que trazem conforto e relaxamento.
A diferença está na intenção: se o objetivo é se desconectar um pouco para recuperar energia, tudo bem. Mas se o comportamento vira uma fuga constante da realidade, é hora de buscar ajuda e repensar os hábitos.
Em resumo, buscar alívio emocional é importante, mas há maneiras mais equilibradas e eficazes de fazer isso. Portanto, em vez de recorrer a uma chupeta antiestresse, vale experimentar práticas que ajudam a reduzir a ansiedade de forma duradoura:
- Respiração consciente: técnicas de respiração profunda reduzem a tensão e ajudam a desacelerar o ritmo mental.
- Atividade física: caminhar, dançar ou praticar yoga libera endorfina e melhora o humor.
- Sono de qualidade: dormir bem regula o sistema nervoso e reduz os sintomas de estresse.
- Meditação ou mindfulness: ajudam a manter o foco no presente e a reduzir pensamentos negativos repetitivos.
- Terapia: acompanhamento psicológico, como a terapia cognitivo-comportamental, auxilia na identificação das causas da ansiedade, bem como na criação de novas formas de enfrentamento.
- Contato com a natureza: mesmo pequenas pausas ao ar livre melhoram o bem-estar mental.

Equilíbrio e autoconhecimento: o verdadeiro caminho para o bem-estar
O fenômeno da chupeta antiestresse mostra como estamos sempre tentando encontrar formas rápidas de aliviar o peso emocional da vida moderna. No entanto, a verdadeira solução para a ansiedade não está em voltar aos hábitos da infância, e sim em aprender a cuidar das emoções de maneira consciente e sustentável.
Encontrar o equilíbrio entre conforto e enfrentamento é o que realmente faz a diferença. Reconhecer o estresse, aceitar os sentimentos e buscar apoio, profissional ou de pessoas próximas, é o primeiro passo para uma vida mais leve e saudável.
E você, o que faz para aliviar o estresse do dia a dia? Já ouviu falar da chupeta antiestresse? Qual a sua forma favorita de lidar com a ansiedade? Conte nos comentários!
* Confira também aqui no blog o post Casa acolhedora: como o ambiente doméstico influencia a saúde mental.
** Com informações do portal G1 e do jornal O Globo.