Celebrado em 10 de julho, o Dia da Saúde Ocular chama a atenção para os cuidados com a visão e a importância de consultas regulares ao oftalmologista. A data integra o movimento Julho Turquesa, criado para conscientizar sobre doenças que afetam os olhos e podem comprometer a qualidade de vida. Uma dessas condições é a síndrome do olho seco, que atinge cerca de 14% da população brasileira.
A condição de olho seco causa ardência, sensibilidade à luz, visão embaçada e desconforto frequente. Pode parecer algo simples, mas sem tratamento adequado pode evoluir e prejudicar ainda mais a saúde ocular. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental.
Neste texto, vamos explicar o que é a síndrome do olho seco, seus principais sintomas e fatores de risco. Também vamos falar sobre as formas de prevenção e os tratamentos disponíveis. Afinal, cuidar da visão é essencial em todas as fases da vida, e a campanha Julho Turquesa é um ótimo lembrete para isso. 😉👁️💙
O que é a síndrome do olho seco?
A síndrome do olho seco ocorre quando há falhas na produção, na composição ou na quantidade das lágrimas, que são responsáveis por manter a superfície do olho lubrificada, protegida e limpa.
Para entender melhor essa condição, é importante conhecer a estrutura das lágrimas. Elas não são apenas “água salgada”, mas sim uma mistura complexa de água, sais minerais, proteínas e gordura, organizada em três camadas: aquosa, mucina e lipídica.
Quando há desequilíbrio em qualquer uma dessas camadas, a estabilidade da lágrima é comprometida, e é aí que surgem os sintomas da síndrome do olho seco.
Por que a lágrima é tão importante?
Além de lubrificar os olhos, a lágrima tem uma função óptica vital: ela mantém a córnea transparente, ajudando a garantir a nitidez da visão. Também nutre as células da superfície ocular e forma uma barreira de proteção contra infecções.
Quando a lágrima é insuficiente ou alterada, a superfície dos olhos fica vulnerável, surgem incômodos constantes e, em casos mais graves, danos à visão.
Causas mais comuns do olho seco
A síndrome pode ser provocada por diversas causas, algumas relacionadas ao estilo de vida e outras a condições médicas. Entre as mais frequentes, estão:
- Envelhecimento natural, que reduz a capacidade de produção lacrimal;
- Alterações hormonais, como as que ocorrem na menopausa ou com o uso de anticoncepcionais;
- Uso prolongado de telas digitais, que reduz a frequência do piscar;
- Ambientes com baixa umidade, como locais com ar-condicionado ou clima seco;
- Doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e a síndrome de Sjögren;
- Uso de certos medicamentos, como antidepressivos, antialérgicos e isotretinoína (usada no tratamento da acne);
- Problemas nas pálpebras, como inflamações ou alterações anatômicas que dificultam o espalhamento das lágrimas.
Sinais de alerta: como identificar os sintomas
A síndrome do olho seco é considerada uma doença oftalmológica silenciosa, uma vez que seus sintomas podem ser confundidos com um simples cansaço da vista e passar despercebidos. Veja os mais comuns:
- Sensação de secura e de “areia” nos olhos;
- Coceira, ardor ou vermelhidão;
- Sensação de corpo estranho;
- Sensibilidade à luz (fotofobia);
- Cansaço visual, especialmente ao fim do dia;
- Dificuldade para manter os olhos abertos;
- Maior produção de muco nos casos graves.
Diagnóstico e tratamento: cada caso é único
Muitas pessoas tentam aliviar os sintomas da síndrome do olho seco por conta própria, pingando colírios aleatórios. Porém, a automedicação pode piorar o quadro. É essencial buscar avaliação com um oftalmologista.
Outro ponto importante é que o tratamento precisa ser individualizado. O primeiro passo é entender o tipo de deficiência na lágrima, ou seja, se há redução da quantidade de água, de gordura ou de mucina. A partir disso, o médico pode indicar o melhor caminho.
Dito isso, a forma mais comum de tratamento é com colírios lubrificantes, também chamados de lágrimas artificiais. Eles aliviam os sintomas, bem como ajudam a manter os olhos hidratados. Em casos com inflamação, o uso de colírios anti-inflamatórios ou com corticoides leves pode ser necessário, sempre com acompanhamento médico.
Casos mais graves podem exigir procedimentos específicos, como a oclusão dos ductos lacrimais (para evitar que a lágrima escorra rapidamente) e até cirurgias.
Qual a relação com o uso excessivo de telas?
Pesquisas recentes apontam que, em centros urbanos como São Paulo, a síndrome do olho seco chega a atingir 24% da população jovem. No mesmo sentido, estudos conduzidos pela Unicamp e Unifesp mostram que até 25% dos estudantes universitários convivem com a doença.
Embora a causa do olho seco seja muitas vezes associada a alterações comuns do corpo, a realidade é que a privação de sono, o uso excessivo de telas e fatores hormonais têm sido apontados como os maiores vilões dessa nova geração de pacientes com olho seco.
Atualmente, o uso excessivo de telas digitais é uma das maiores causas de olho seco, especialmente entre os jovens. Quando fixamos o olhar em smartphones, tablets ou computadores, piscamos menos, o que diminui portanto a renovação da lágrima e favorece a evaporação.
Além disso, ambientes com ar-condicionado, baixa umidade, poluição e exposição constante ao vento ou fumaça agravam ainda mais o quadro.
É possível prevenir a síndrome do olho seco?
Tendo em vista os fatores comportamentais e ambientais que influenciam a síndrome do olho seco, a adoção de alguns hábitos simples pode ajudar bastante a prevenir ou controlar a doença. Tais como:
- Fazer pausas regulares ao usar telas: a cada 20 ou 30 minutos, desviar o olhar e piscar várias vezes;
- Manter a tela do computador abaixo da linha dos olhos, reduzindo dessa forma a exposição da superfície ocular;
- Evitar ambientes com ar seco e, se possível, usar umidificadores de ar;
- Proteger os olhos do vento e da luz solar com óculos apropriados;
- Evitar fumar e ficar em ambientes com fumaça;
- Dormir pelo menos 7 a 8 horas por noite;
- Beber bastante água.
A importância do diagnóstico e acompanhamento médico
Como os sintomas da síndrome do olho seco são progressivos e muitas vezes confundidos com “irritações passageiras”, muitas pessoas demoram para procurar ajuda. No entanto, a recomendação dos especialistas é clara: qualquer sintoma ocular persistente deve ser investigado por um oftalmologista.
A automedicação, além de ineficaz, pode agravar o problema. O uso indiscriminado de colírios pode mascarar os sintomas, atrasar o diagnóstico correto e comprometer ainda mais a visão.
Nesse sentido, a oftalmologista Monica Alves, da Unicamp, alerta que o olho seco pode ser incapacitante. Em entrevista à CNN Rádio, ela explicou que alguns pacientes têm dificuldades até para manter os olhos abertos, trabalhar em ambientes climatizados, fazer leituras ou usar o computador. Em casos extremos, a sensibilidade à luz e a dor ocular limitam atividades cotidianas e até a vida social.
Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações mais sérias. Reconhecer os sinais e buscar ajuda profissional faz toda a diferença.
Aliás, você já sentiu algum desses sintomas ou conhece alguém que convive com o olho seco? Compartilhe sua experiência nos comentários!
* Com informações de Agência Brasil, CNN Brasil, Jornal da USP e Ministério da Saúde.
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