Receber a notícia de que alguém próximo enfrenta uma condição complicada de saúde é um momento delicado e repleto de emoções. Nessas horas, saber como apoiar pessoas com doenças graves de forma sensível é fundamental, pois mesmo palavras ditas com boa intenção podem gerar dor, ansiedade ou frustração. O cuidado na comunicação faz toda a diferença para o bem-estar emocional do paciente.
Doenças graves incluem condições crônicas, como esclerose múltipla, diabetes, problemas cardíacos e respiratórios, assim como situações agudas, como infarto ou AVC. Todas essas situações trazem desafios físicos e emocionais significativos, exigindo atenção e empatia de quem está ao redor.
Para oferecer apoio de maneira eficaz, é importante observar o que se diz e como se diz. Neste texto, vamos apresentar 10 frases que devem ser evitadas e indicar formas mais adequadas de abordagem. Siga a leitura conosco e descubra como se aproximar e oferecer suporte emocional a pessoas enfrentando doenças graves.
10 frases a evitar ao apoiar pessoas com doenças graves
1) Evite comparações com outras pessoas
Frases como “minha tia passou pelo mesmo e se curou” ou “ah, eu já quebrei os dois fêmures de uma vez” podem fazer o paciente se sentir incompreendido. Cada doença e cada pessoa têm experiências únicas.
O que importa é o que o paciente sente naquele momento. Comparações externas podem gerar frustração e ansiedade, desviando a atenção da experiência real.
Para apoiar de forma sensível, pergunte diretamente como a pessoa está se sentindo e escute sem interromper. Um simples “como foi seu dia hoje?” demonstra cuidado genuíno.
2) Não imponha fé ou positividade
Dizer “tenha fé” ou “pense positivo” pode parecer um gesto de carinho, mas impõe crenças ou expectativas que nem todos compartilham. Alguns pacientes podem se sentir culpados por não conseguir se manter otimistas o tempo todo.
A forma correta de apoiar é perguntar se a espiritualidade é importante para a pessoa e oferecer ajuda respeitosa caso ela queira. Perguntas como “há algo que te traz conforto agora?”, funcionam melhor que declarações genéricas.
3) Evite metáforas relacionadas à batalhas
Frases como “você precisa lutar contra a doença” ou “você é um guerreiro” são muito comuns, mas nem todos se identificam com a ideia de enfrentar a doença como uma batalha.
Esse tipo de comentário pode gerar pressão emocional, sensação de cobrança ou até culpa, especialmente quando a situação do paciente não evolui como esperado.
Uma abordagem mais acolhedora é mostrar presença e disponibilidade, sem impor expectativas. Dizer “estou aqui para você” ou “quero te acompanhar neste momento” transmite apoio genuíno e respeito pelo que a pessoa está vivendo, focando no cuidado e no acompanhamento, em vez de na “vitória” sobre a doença.
4) Não ofereça tratamentos alternativos sem ser solicitado
Sugestões de remédios caseiros ou terapias alternativas podem confundir o paciente e até prejudicar o tratamento. Cada doença tem protocolos específicos que devem ser seguidos conforme orientação médica.
O apoio prático é mais valioso: acompanhar consultas, organizar medicação, preparar refeições ou ajudar em tarefas do dia a dia. A atenção real vem de ações concretas, não de recomendações externas.

5) Evite minimizar sintomas invisíveis
Frases como “nossa, mas nem parece que você está doente” desconsideram sintomas reais, como fadiga, dor ou efeitos colaterais de medicamentos. Muitas doenças graves não são visíveis, mas impactam profundamente o dia a dia do paciente.
A melhor forma de apoiar é acreditar no que a pessoa relata e validar suas experiências, perguntando de forma aberta: “como você tem se sentido ultimamente?”.
6) Não fuja do tema da morte
Evitar falar sobre morte pode parecer proteção, mas para quem enfrenta uma doença grave, refletir sobre o fim da vida é natural e necessário.
Permitir que a pessoa fale sobre seus medos, desejos e planos ajuda a reduzir ansiedade e dá sensação de controle. Escutar sem julgar e respeitar o tempo do paciente é uma forma eficaz de apoio.
7) Evite frases que minimizam a gravidade
Dizer “Não se preocupe, não vai acontecer nada” pode parecer um alívio, mas muitas vezes gera insegurança e dá a impressão de que o sofrimento do paciente não é válido. Em vez de minimizar a situação, é muito mais útil reconhecer a dificuldade do momento e oferecer apoio real.
Pequenas ações do dia a dia fazem uma diferença enorme: acompanhar o paciente em consultas ou exames, preparar refeições, ajudar nas tarefas domésticas, levar o cachorro para passear, cuidar de plantas, fazer compras ou buscar medicamentos na farmácia são formas práticas de demonstrar cuidado.
Estar presente apenas para ouvir, sem julgar ou interromper, ou auxiliar na organização de compromissos e rotinas também ajuda a aliviar o peso físico e emocional da doença, mostrando que o apoio é concreto e genuíno.

8) Evite impor ajuda
Frases como “você tem que aceitar ajuda” podem ser percebidas como pressão e gerar frustração no paciente. Cada pessoa tem seus próprios limites e maneiras de lidar com a doença, por isso é importante respeitar suas escolhas e oferecer apoio sem cobrar que ele aceite.
Uma abordagem mais eficaz é oferecer suporte de forma concreta e específica, por exemplo: “posso ir ao mercado por você hoje?” ou “se quiser, posso acompanhar sua consulta na próxima semana”.
Dessa forma, o apoio se torna voluntário e personalizado, reforçando a empatia e a confiança na relação.
9) Evite exagerar na negatividade
Dizer algo como “isso é terrível, você vai sofrer muito” tende a aumentar o medo e a ansiedade do paciente, fazendo com que ele se sinta ainda mais sozinho diante da situação. Comentários dramáticos dificilmente trazem conforto e podem gerar sensação de desamparo.
Apoiar de forma realista significa ouvir de verdade, validar o que a pessoa está sentindo e oferecer ajuda prática para lidar com os desafios do dia a dia.
10) Evite contar casos de outras pessoas
Comparar o paciente com familiares ou conhecidos pode criar expectativas irreais. Cada doença é diferente, e a experiência do paciente deve ser respeitada.
Evite compartilhar histórias de terceiros ou prometer resultados baseados em experiências alheias.
Dicas práticas para apoiar pessoas com doenças graves
- Escute de verdade: pergunte sobre sentimentos e necessidades, sem interromper.
- Seja empático: coloque-se no lugar do outro, sem minimizar ou julgar.
- Ofereça ajuda concreta: pequenas ações do dia a dia têm grande impacto.
- Respeite limites e crenças: não imponha religião, positivismo ou tratamentos.
- Valide emoções: permita que a pessoa expresse medo, tristeza ou raiva sem julgamentos.
Em resumo, apoiar pessoas com doenças graves vai muito além de palavras. Estar presente, ouvir, respeitar limites e oferecer ajuda concreta constrói uma rede de suporte significativa e transforma o dia a dia do paciente.
Se você já passou por experiências assim ou tem dicas de como apoiar alguém que enfrenta uma doença grave, compartilhe nos comentários. Seu relato pode inspirar outras pessoas a agir com mais sensibilidade e empatia.
* Com informações de BBC News e El País.
** Confira também aqui no blog o post Quem cuida de quem cuida? A importância de olhar para a saúde dos cuidadores.