O câncer de pulmão é uma das doenças mais letais do mundo, e também uma das mais silenciosas. Em muitos casos, ele se desenvolve sem causar sintomas aparentes e só é diagnosticado quando já está em estágio avançado. No Brasil, cerca de 86% dos casos são descobertos tardiamente, o que reduz muito as chances de tratamento eficaz e cura.
Embora o tabagismo ainda seja responsável pela maioria dos diagnósticos, outros fatores também aumentam o risco da doença. Poluição do ar, exposição a substâncias químicas e histórico familiar são aspectos que merecem atenção.
Por isso, neste 1º de agosto, Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão, é fundamental reforçarmos a importância da informação e da prevenção. Neste texto, vamos falar sobre os principais sintomas, os exames que ajudam no diagnóstico precoce e, principalmente, o que podemos fazer para reduzir os riscos dessa doença.
O que é o câncer de pulmão?
O câncer de pulmão acontece quando algumas células dentro dos pulmões começam a se multiplicar de forma descontrolada. Esse crescimento anormal pode formar tumores malignos, que atrapalham o funcionamento dos pulmões e, em muitos casos, acabam se espalhando para outras partes do corpo.
Principais tipos de câncer de pulmão
O tipo mais comum de câncer de pulmão é o chamado carcinoma de não pequenas células, que responde por cerca de 85% dos diagnósticos. Dentro dessa categoria, existem três variações principais:
- Adenocarcinoma: é o tipo mais frequente, especialmente em pessoas que nunca fumaram. Ele começa nas células que produzem muco dentro dos pulmões.
- Carcinoma de células escamosas: aparece nas células que revestem os brônquios e costuma estar ligado ao hábito do tabagismo ao longo da vida.
- Carcinoma de células grandes: pode surgir em qualquer parte do pulmão e, geralmente, cresce e se espalha com rapidez.
Sintomas do câncer de pulmão
Um dos maiores agravantes do câncer de pulmão é que ele costuma se desenvolver de forma silenciosa. Os sintomas mais comuns em geral só aparecem quando a doença já está avançada e incluem:
- Tosse persistente;
- Falta de ar;
- Dor no peito;
- Cansaço extremo;
- Perda de peso sem motivo;
- Presença de sangue no escarro.
Em fumantes, é comum perceber mudanças no ritmo da tosse habitual. Além disso, a repetição de infecções como pneumonia e bronquite também pode ser um sinal de alerta.
Como esses sintomas muitas vezes são confundidos com outras doenças respiratórias, o diagnóstico dessa forma acaba sendo adiado.
Quais as causas do câncer de pulmão?
Em cerca de 90% dos casos, o câncer de pulmão está diretamente relacionado ao tabagismo. Entretanto, em entrevista à BBC News Brasil, a médica Clarissa Mathias, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, alerta que não fumantes também podem desenvolver a doença.
Dessa forma, embora o hábito de fumar seja um dos principais fatores para a ocorrência do câncer de pulmão, existem alguns outros, como:
- Poluição ambiental;
- Exposição à queima de combustíveis fósseis;
- Exposição ao gás radônio, presente em componentes de construção como brita, calcário, areia e mármore;
- Uso de fogão à lenha em cozinhas e cômodos com pouca ventilação;
- Fatores genéticos e histórico familiar.
O principal grupo de risco envolve pessoas com mais de 50 anos que fumaram por muitos anos, especialmente aquelas que fumaram um maço de cigarro por dia durante 30 anos ou mais. Afinal, esse grupo tem até 30 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão em comparação com quem nunca fumou.
Como realizar o diagnóstico do câncer de pulmão?
Para diagnosticar o câncer de pulmão, os médicos utilizam principalmente exames de imagem, como o raio-x e a tomografia computadorizada do tórax, que ajudam a identificar possíveis alterações nos pulmões.
Outro exame importante é a broncoscopia, que permite a visualização direta das vias respiratórias através de um tubo com câmera inserido pelo nariz ou pela boca.
Quando há suspeita de câncer, a confirmação é feita por meio da biópsia, que consiste na retirada de um pequeno pedaço do tecido pulmonar para análise laboratorial. Este exame é fundamental para garantir um diagnóstico definitivo.
Quais as opções de tratamento da doença?
O tratamento do câncer de pulmão é definido com base em diferentes características da doença e do estado geral do paciente.
Entre os principais elementos levados em conta estão: o tipo de célula afetada e o quanto o câncer se espalhou pelo corpo (estágio da doença), bem como se o paciente possui outras condições de saúde que podem influenciar na escolha do melhor caminho terapêutico.
Com essas informações em mãos, a equipe médica pode indicar uma ou mais opções de tratamento. Veja algumas das alternativas mais comuns:
- Cirurgia videoassistida: feita com o auxílio de câmeras, o que torna o procedimento menos invasivo e mais preciso.
- Radioterapia: utiliza radiação para eliminar ou impedir a multiplicação das células cancerosas.
- Ablação por radiofrequência: técnica que usa correntes de alta frequência para destruir o tumor.
- Quimioterapia: consiste na aplicação de medicamentos que circulam pelo sangue e atuam portanto diretamente nas células doentes.
- Imunoterapia: estimula o sistema imunológico do próprio paciente a reagir contra o câncer.
- Terapia-alvo: usa medicamentos específicos para combater alterações genéticas presentes nas células tumorais.
Quais medidas podem ajudar a prevenir o câncer de pulmão?
Para prevenir o câncer de pulmão, o principal passo é parar de fumar. Uma vez que o tabagismo está relacionado à maior parte dos casos da doença, e houve um crescimento de 25% no número de fumantes no Brasil, é preciso estarmos alerta a essa questão.
De acordo com dados divulgados pela Agência Brasil, a cessação do tabagismo traz benefícios significativos: após sete anos sem fumar, o risco de câncer de pulmão cai 20%; após 15 anos, até 38% das pessoas podem ser salvas.
Vale lembrar que o tabagismo passivo também representa riscos, por isso, é importante manter ambientes livres da fumaça do cigarro, inclusive em casa e no trabalho.
Além de evitar o tabagismo, outros cuidados também ajudam na prevenção, tais como:
- Ter uma alimentação rica em frutas e verduras;
- Praticar atividades físicas com regularidade;
- Evitar a exposição a agentes químicos e ambientes poluídos;
- Manter uma boa qualidade do sono.
A importância do diagnóstico precoce para salvar vidas
O diagnóstico precoce do câncer de pulmão é essencial, já que a maioria dos casos é descoberta em estágios avançados.
Especialmente para fumantes entre 55 e 70 anos, recomenda-se uma tomografia anual do tórax, capaz de detectar a doença antes do surgimento de sintomas.
Quando diagnosticado precocemente, o câncer de pulmão pode ser tratado com cirurgia em até 20% dos casos, o que eleva significativamente as chances de recuperação. Isso reforça a importância de combinar estratégias de rastreamento com ações preventivas.
Em resumo, é fundamental informar a população, ampliar o acesso a exames regulares e incentivar a cessação do tabagismo. E lembre-se: qualquer sintoma suspeito deve ser avaliado por um profissional de saúde o quanto antes.
E você? Já conhecia esses dados sobre o câncer de pulmão? Compartilhe suas dúvidas, experiências ou opiniões nos comentários!
* Com informações de Agência Brasil, BBC News Brasil e Hospital Albert Einstein.
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