O que são cuidados paliativos e qual sua importância na jornada de pacientes e família

profissional de cuidados paliativos segurando a mão de paciente

O termo “cuidados paliativos” ainda é muito associado à ideia de que não há mais esperança em relação a uma doença, como se fosse um rótulo que anuncia o fim. Esse equívoco encobre uma proposta que, na verdade, amplia as possibilidades de conforto e bem-estar quando a doença ameaça a continuidade da vida.

Na prática, cuidados paliativos significam aliviar dor, controlar sintomas físicos, oferecer suporte emocional, social e espiritual, tudo orquestrado por uma equipe multidisciplinar que acompanha paciente e família. E quanto mais cedo essa abordagem entra em cena, mais leve e participativa se torna a jornada de decisões e tratamentos.

Neste texto, vamos abordar o conceito de cuidados paliativos, descobrir por que iniciar cedo faz diferença e saber como eles funcionam na rotina de pacientes, familiares e profissionais de saúde. Siga a leitura conosco!

O que são cuidados paliativos?

Cuidados paliativos são um conjunto de ações coordenadas por uma equipe de profissionais que ajudam pessoas com doenças graves a viverem com o máximo de conforto possível. 

O objetivo é aliviar dor e outros sintomas físicos, emocionais, sociais e espirituais, oferecendo bem‑estar tanto ao paciente quanto à família, desde o diagnóstico até as fases mais delicadas da enfermidade.

Em que fase da doença os cuidados paliativos são aplicados?

O acompanhamento paliativo pode ter início já no diagnóstico. Na realidade, quanto antes forem controlados sintomas como dor, náusea, falta de ar, ansiedade, ou tantos outros decorrentes da doença, menores serão os impactos na rotina e maior a adesão aos tratamentos.

Essa abordagem segue ativa em cada etapa: orienta escolhas terapêuticas, evita complicações e garante conforto até a fase final. Ao iniciar enquanto o paciente mantém plena cognição, torna‑se mais fácil definir limites de tratamento e registrar preferências, prevenindo decisões apressadas em situações de crise.

Os cuidados paliativos abrangem apenas pacientes terminais?

Não. Embora a prática tenha nascido nos anos 1960 para aliviar a dor de quem já se aproximava da morte, ela evoluiu muito desde então. Hoje, o foco não está mais em “pacientes terminais”, expressão, aliás, cada vez menos usada, mas em qualquer pessoa com doença grave que ameace a continuidade da vida.

Isso significa que alguém com câncer em tratamento, insuficiência cardíaca avançada, doença pulmonar crônica ou condição neurológica progressiva pode receber cuidados paliativos logo após o diagnóstico. 

Afinal, a meta é controlar sintomas, oferecer suporte emocional e ajudar nas decisões, independentemente de quanto tempo o paciente ainda tenha.

Como os cuidados paliativos funcionam na prática?

Logo no diagnóstico, a equipe paliativa entra em cena para suavizar o choque inicial: controla sintomas físicos e psicológicos, além de esclarecer dúvidas que costumam surgir nesse primeiro momento. Esse cuidado precoce ajuda o paciente a compreender o plano terapêutico com mais serenidade, bem como a engajar a família desde o início.

Durante o tratamento ativo, o foco passa a ser o ajuste fino dos sintomas para que o paciente tolere melhor cirurgias, quimioterapia ou outros tratamentos. A analgesia adequada, o suporte nutricional e intervenção psicológica fazem toda a diferença na adesão às terapias, mantendo energia e motivação para prosseguir.

Quando a doença avança, a conversa muda de tom: define‑se até onde vale insistir em procedimentos invasivos e quais medidas realmente agregam conforto. Na etapa final, a atenção física, psicológica e espiritual se intensifica, garantindo uma despedida com alívio de sofrimento para o paciente e para quem fica.

Quais os benefícios dos cuidados paliativos?

Como vimos, os cuidados paliativos não se limitam a amenizar a dor. Eles também criam um ambiente propício a decisões conscientes e a uma experiência de cuidado mais humana. Veja como essa abordagem transforma a jornada da doença:

Redução efetiva do sofrimento

Analgesia ajustada e o acompanhamento psicológico diminuem dores, ansiedade e tristeza, permitindo dessa forma que o paciente mantenha rotina, relações e sentido de vida.

Preservação da autonomia

Conversas claras sobre convicções e limites terapêuticos capacitam a pessoa a escolher o que deseja, ou não, enfrentar.  Assim, cada intervenção respeita crenças, cultura e objetivos individuais, evitando que o paciente se sinta “refém” do tratamento.

Comunicação aberta e decisões assertivas

O profissional pode atuar facilitando diálogos francos entre médicos, pacientes e familiares, traduzindo prognósticos complexos em linguagem acessível. Essa clareza, portanto, reduz conflitos e alinha expectativas de todos os envolvidos.

Uso inteligente de recursos de saúde

Ao focar no benefício real de cada exame ou terapia, o cuidado paliativo evita internações prolongadas, admissão repetida em UTI e tratamentos de alto custo que não melhoram qualidade de vida.

Acesso à política de cuidados paliativos no SUS

No Brasil, estima‑se que 625 mil pessoas precisem de cuidados paliativos para enfrentar doenças graves com menos dor, sintomas controlados e apoio emocional.  Para oferecer acolhimento digno a pacientes e famílias, o Ministério da Saúde lançou em 2024 a Política Nacional de Cuidados Paliativos no SUS.

Três eixos estruturam a política: criar equipes multiprofissionais que disseminem boas práticas; promover educação continuada em cuidados paliativos; e garantir acesso a medicamentos e insumos essenciais. A previsão é que sejam implantadas mais de mil equipes pelo país.

Apesar dos avanços, ainda há desigualdade no acesso aos cuidados paliativos, que ainda são mais acessíveis em grandes centros urbanos e no sistema privado de saúde. 

A nova estratégia do governo busca reduzir essas disparidades. Ou seja, busca distribuir melhor as equipes e garantir que mais pessoas, especialmente as que dependem do SUS, possam ter acesso a esse tipo de atendimento, independentemente de onde moram.

Você tem alguma dúvida sobre cuidados paliativos e como eles podem transformar a jornada de pacientes e familiares? Já teve alguma experiência com essa abordagem? Compartilhe conosco nos comentários!


* Confira também aqui no blog o post Como prevenir demências? 14 mudanças simples no estilo de vida que diminuem o risco da doença.

** Com informações da Agência Brasil, Ministério da Saúde e portal Drauzio Varella.

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