O crescimento dos casos de diabetes tem sido uma preocupação constante nas últimas décadas. A edição de 2025 do Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF) revela que no Brasil são 16,6 milhões de casos, colocando o país na sexta posição global em número absoluto de diagnósticos.
O levantamento também destaca que 32% dos brasileiros com diabetes não sabem que têm a doença, o que agrava o risco de complicações.
Junho traz duas datas fundamentais para conscientizar sobre o problema: o Dia Nacional do Diabetes, em 26 de junho, e o Dia Internacional do Diabético, em 27 de junho. Ambas reforçam a importância de prevenir, diagnosticar precocemente e tratar adequadamente essa doença crônica que, muitas vezes, se instala de forma silenciosa.
Aproveitando o momento, reunimos neste texto informações relevantes sobre seis sintomas que funcionam como sinais de alerta do diabetes. Se você identificar algum deles, é importante procurar um profissional de saúde e realizar exames preventivos.
Entendendo o que é diabetes e os diferentes tipos da doença
O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica caracterizada pelo aumento anormal da glicose (açúcar) no sangue.
Isso ocorre porque o corpo tem dificuldade de produzir ou utilizar adequadamente a insulina, hormônio responsável por permitir que a glicose entre nas células e seja transformada em energia. Existem diferentes tipos de diabetes, e entender suas particularidades é fundamental:
Diabetes tipo 1
É uma condição autoimune na qual o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Costuma ser diagnosticado na infância ou adolescência, embora possa surgir em qualquer idade.
Diabetes tipo 2
Mais comum entre adultos, é resultado da resistência das células à insulina ou da produção insuficiente do hormônio. Está frequentemente associado a fatores como obesidade, sedentarismo e predisposição genética.
Diabetes gestacional
Pode surgir durante a gravidez, quando alterações hormonais provocam resistência à insulina. Embora geralmente desapareça após o parto, exige atenção, pois aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.
Diabetes secundário
Ocorre como consequência de outras doenças (como pancreatite) ou do uso prolongado de medicamentos, como corticoides.
Nos últimos anos, pesquisadores têm sugerido uma reclassificação mais precisa da doença, que inclui até cinco subtipos diferentes, com base em padrões genéticos e metabólicos. Embora essa nova abordagem ainda esteja em fase de estudos, ela reforça a complexidade do diabetes e a importância do acompanhamento médico individualizado.
6 sinais que podem indicar a presença de Diabetes
A seguir, listamos sintomas comuns que, isoladamente ou combinados, podem indicar a presença de diabetes. Fique atento a eles, especialmente se tiver fatores de risco, como histórico familiar, sobrepeso ou sedentarismo.
1) Urinar com frequência, inclusive à noite
A poliúria, ou aumento do volume de urina, é um dos primeiros sintomas relatados por pessoas com diabetes. Isso acontece porque o excesso de glicose no sangue “puxa” água junto na tentativa de ser eliminado pelos rins, o que sobrecarrega o sistema urinário.
O resultado é a vontade frequente de urinar, inclusive durante a noite, o que pode atrapalhar o sono e causar cansaço.
2) Sede intensa e persistente
Em consequência da perda excessiva de líquidos, é natural que o corpo reaja com uma sede exagerada, conhecida como polidipsia. Essa sede não é facilmente saciada com água e tende a voltar rapidamente.
É um sinal importante que, combinado com a vontade frequente de urinar, pode indicar alterações no metabolismo da glicose.
3) Fome fora do comum e perda de peso repentina
Mesmo comendo mais, muitas pessoas com diabetes experimentam uma perda de peso involuntária. Isso ocorre porque, sem insulina suficiente, a glicose não entra nas células, e o organismo começa a queimar gordura e massa muscular para obter energia.
Esse desequilíbrio pode causar fome constante (polifagia) e um emagrecimento acentuado, mesmo com uma dieta rica em calorias.
4) Visão embaçada e dificuldade para focar
A glicose elevada também pode afetar o funcionamento dos olhos, provocando visão turva, embaçada ou flutuante. Esse sintoma costuma ser temporário, mas pode evoluir para retinopatia diabética se o diabetes não for controlado.
A dificuldade para enxergar objetos de perto ou de longe com nitidez deve ser investigada o quanto antes, especialmente quando acompanhada de outros sinais.
5) Cansaço extremo e tonturas frequentes
A sensação de fadiga persistente, mesmo após repouso, e tonturas inexplicáveis são sintomas comuns em pessoas com diabetes. Isso acontece porque as células não recebem a energia de que precisam.
A oscilação nos níveis de açúcar no sangue, seja por hiperglicemia (açúcar alto) ou hipoglicemia (açúcar baixo), pode afetar o cérebro e outras funções do corpo, comprometendo a disposição e a clareza mental.
6) Infecções genitais recorrentes
O diabetes descontrolado enfraquece o sistema imunológico, facilitando o surgimento de infecções, especialmente em áreas úmidas e quentes do corpo, como a região genital. Candidíase de repetição, coceira, ardência e corrimentos anormais são sinais frequentes, tanto em mulheres quanto em homens.
Essas infecções não apenas causam desconforto, como também indicam que a glicose elevada está impactando a saúde de forma mais ampla.
Nem sempre há sintomas: o perigo do diabetes silencioso
Embora os sintomas listados sejam comuns, vale lembrar que muitos casos de diabetes se desenvolvem de forma silenciosa. Ou seja, a pessoa pode estar com glicemia elevada por meses, ou até anos, sem apresentar sinais claros.
Essa característica torna o diabetes uma doença traiçoeira, pois os danos nos vasos sanguíneos, rins, olhos e nervos podem avançar sem que o indivíduo perceba. Por isso, é fundamental realizar exames periódicos de sangue, especialmente para quem apresenta fatores de risco, como:
- Histórico familiar de diabetes;
- Obesidade ou sobrepeso;
- Hipertensão arterial;
- Colesterol ou triglicerídeos elevados;
- Estilo de vida sedentário;
- Mulheres que tiveram diabetes gestacional.
A importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento
Quando diagnosticado precocemente, o diabetes pode ser controlado com mudanças no estilo de vida, como alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e, em alguns casos, o uso de medicamentos orais ou insulina.
O controle glicêmico adequado reduz significativamente os riscos de complicações graves, como:
- Doenças cardiovasculares (infarto e AVC);
- Nefropatia (comprometimento dos rins);
- Retinopatia (cegueira);
- Neuropatia (perda de sensibilidade nos pés e mãos);
- Amputações.
Em resumo, com acompanhamento médico e adoção de hábitos saudáveis, é perfeitamente possível ter qualidade de vida e longevidade mesmo com o diagnóstico de diabetes.
Previna-se: esteja atento aos sinais do diabetes
Ficar atento aos sinais do corpo é um gesto de cuidado consigo mesmo. Portanto, se você identificou algum dos sintomas descritos neste artigo, não adie sua visita ao médico. Um simples exame de sangue pode revelar muito sobre sua saúde e permitir que você inicie eventuais tratamentos e tenha mais qualidade de vida.
O diabetes exige disciplina e atenção contínua, mas também traz a oportunidade de repensar hábitos e investir em uma vida mais saudável e equilibrada.
Então, que tal aproveitar para agendar aquele check-up que você vem adiando? Você convive com diabetes ou tem algum caso próximo? Conta pra gente nos comentários!
* Com informações do Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Diabetes.
** Confira também aqui no blog o post Diabetes e consumo de açúcar: mitos e verdades sobre o tema.