Nos últimos anos, a discussão sobre saúde sexual masculina ganhou mais espaço, principalmente com o aumento da procura por medicamentos que auxiliam na ereção. Entre eles, a tadalafila se tornou bastante conhecida, especialmente nas redes sociais, onde é até apelidada de “tadala”. Esse remédio pode, de fato, trazer benefícios, mas o uso inadequado também esconde riscos importantes.
Apesar de ser uma opção eficaz para determinados quadros, como a disfunção erétil e a hiperplasia prostática benigna (HPB), o consumo sem orientação médica tem crescido, principalmente entre jovens saudáveis que enxergam na substância uma forma de aumentar o desempenho sexual ou até de ganhar disposição em treinos. Essa prática, no entanto, pode trazer efeitos indesejados.
Neste texto, vamos explicar como a tadalafila funciona, em quais situações ela é indicada, os principais efeitos colaterais, contraindicações e por que é fundamental ter cuidado com o uso recreativo.
O que é a tadalafila e como ela age no corpo
A tadalafila é um medicamento de uso oral que atua como inibidor da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), uma enzima que regula a dilatação dos vasos sanguíneos. Ao bloquear essa enzima, a substância promove maior relaxamento muscular e vascular, o que facilita a circulação sanguínea, especialmente na região genital.
Segundo o farmacêutico Leonardo Coutinho Ribeiro, em entrevista ao UOL, esse mecanismo ajuda a restabelecer a ereção em homens com disfunção erétil porque aumenta os níveis de GMPc, substância que facilita o fluxo sanguíneo para o pênis.
Outra utilização é quando há aumento benigno da próstata, uma vez que a tadalafila auxilia no relaxamento da bexiga e dos vasos sanguíneos, reduzindo sintomas urinários como jato fraco e urgência para urinar.
O uso também é aprovado no tratamento da hipertensão arterial pulmonar (HAP), condição rara em que a medicação ajuda a diminuir a pressão nos pulmões.
Indicações médicas mais comuns
O medicamento costuma ser prescrito em casos de:
- Disfunção erétil: dificuldade para obter ou manter ereção;
- Hiperplasia prostática benigna (HPB): com sintomas como micção frequente, gotejamento e esvaziamento incompleto da bexiga;
- Hipertensão arterial pulmonar (HAP): para ajudar no relaxamento dos vasos sanguíneos dos pulmões.
Vale reforçar: a tadalafila não deve ser usada sem prescrição médica. Trata-se de um medicamento de tarja vermelha, que só pode ser adquirido com receita.
O uso inadequado e a popularização entre jovens
Apesar da indicação restrita, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) alerta que o consumo recreativo da tadalafila vem crescendo. Muitos jovens recorrem ao remédio acreditando que ele aumenta o desempenho sexual ou até como “pré-treino” para academia.
O problema é que não há evidências científicas sólidas que sustentem essas promessas. Sem supervisão médica, o risco de efeitos colaterais e de interações perigosas com outros medicamentos ou substâncias aumenta consideravelmente.
Sem falar que o uso frequente sem necessidade pode gerar uma dependência psicológica, em que o indivíduo passa a acreditar que só consegue ter ereção se usar o comprimido.
Como a tadalafila deve ser administrada
A apresentação mais comum da tadalafila é em comprimidos de 5 mg e 20 mg. O médico é quem define a dosagem correta, que pode ser diária ou apenas sob demanda, dependendo do caso.
O efeito costuma começar após 30 minutos da ingestão e pode durar até 36 horas, o que explica a fama do medicamento. Porém, a tadalafila só funciona quando existe estímulo sexual, ou seja, não provoca ereção espontaneamente.
Possíveis efeitos colaterais
Na maioria dos pacientes que seguem corretamente a orientação médica, os efeitos colaterais tendem a ser leves e temporários. Os mais comuns são:
- Dor de cabeça;
- Azia ou má digestão;
- Náusea e diarreia;
- Dores nas costas, pernas ou músculos;
- Rubor (vermelhidão e sensação de calor).
Em casos mais raros, podem surgir sintomas graves que exigem atendimento imediato, como:
- Perda súbita da visão ou audição;
- Ereção prolongada (mais de 4 horas);
- Dor no peito e tontura;
- Reações alérgicas com inchaço no rosto ou dificuldade para respirar.
De acordo com informações do Hospital Albert Einstein, esses quadros são incomuns, mas reforçam a necessidade de acompanhamento médico.
Contraindicações importantes
O uso da tadalafila é contraindicado para pessoas que:
- Usam medicamentos à base de nitratos (muito comuns no tratamento da angina), já que a interação pode causar queda grave da pressão arterial;
- Possuem histórico de problemas cardíacos graves, como arritmia, infarto ou derrame;
- Apresentam doenças no fígado, rins ou nos olhos;
- Fazem uso de drogas recreativas conhecidas como “poppers”;
- Apresentam deformidades no pênis, como a doença de Peyronie.
Além disso, é essencial informar ao médico sobre outros medicamentos em uso, incluindo antifúngicos, antivirais e antibióticos, já que muitos podem interferir na ação da tadalafila.
Interação com álcool e alimentos
O consumo excessivo de álcool pode potencializar os efeitos colaterais da tadalafila, especialmente tontura, dor de cabeça e queda de pressão arterial. O farmacêutico e bioquímico Marcos Machado, em entrevista ao UOL, explica que esse quadro pode levar até a desmaios ao se levantar rapidamente.
Outro ponto de atenção é a toranja (grapefruit), pouco consumida no Brasil, mas que pode alterar o metabolismo do remédio e intensificar seus efeitos.
Benefícios e limitações
De acordo com o urologista Rodolfo Borges dos Reis, também ouvido pelo UOL, um dos maiores benefícios da tadalafila é a melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes e casais que enfrentam problemas relacionados à disfunção erétil.
Ao mesmo tempo, a longa duração do efeito permite mais liberdade, já que não é necessário programar rigidamente o momento da relação sexual.
No entanto, o lado negativo é justamente o uso indiscriminado sem necessidade clínica, que expõe indivíduos a riscos desnecessários e pode criar falsas expectativas quanto ao desempenho sexual.
Em outras palavras, a tadalafila é eficaz e segura quando usada corretamente, sempre com acompanhamento médico. No entanto, a automedicação representa um risco sério: além dos efeitos colaterais, há a chance de interações perigosas com outros remédios e até de mascarar problemas de saúde que precisam de diagnóstico adequado.
Por isso, nunca use esse medicamento sem orientação profissional. A decisão sobre a dose e a forma de tratamento deve ser feita por um médico, após avaliar seu histórico e suas necessidades.
Agora queremos saber de você: você já tinha ouvido falar nos riscos do uso recreativo da tadalafila? Conhece experiências de quem faz uso do medicamento? Deixe sua opinião nos comentários!
* Confira também aqui no blog o post Perigos da automedicação com Zolpidem: conheça os riscos do uso indevido do medicamento.
** Com informações do Hospital Albert Einstein e UOL.